sábado, 16 de outubro de 2010

A Agronomia e o Exercício Profissional!!!



Na agronomia como em outras formações universitárias no Brasil e no mundo é comum o conhecimento tecnológico adquirido na formação acadêmica não interagir com o consumidor (produtor rural, consumidor) em toda sua plenitude. O profissional recém formado recebe o arcabouço cientifico, mas não lhe é passado a realidade do mercado de trabalho profissional.

A formação profissional não interage com a realidade da Agricultura (a arte de cultivar a terra) que deverá ser um dos campos de trabalho do exercício da agronomia (ciência do cultivo da terra).

Temos no Brasil perto de 5 milhões de propriedades rurais que deveriam ao menos como preconiza a lei, receber orientações dos profissionais da agronomia nas atividades agrícolas que demandam conhecimento tecnológico, para que desastres ecológicos sejam prevenidos, tais como: desmatamento, conservação de solo, da água, adubação, uso do fitossanitários, escolha de variedades, tratos culturais, herbicidas etc., etc., que acabam afetando o meio ambiente e qualidade dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro.

A tecnologia agronômica com seus pacotes prontos a partir de forma marcante nas décadas de 60 e 70, conduziram a produção brasileira com sucesso aos parâmetros alcançados hoje, mas não trazem em seu bojo a menor preocupação com os recursos naturais e o homem (agricultor e consumidor).

Aquela época ainda se falava e existia por parte do governo política de assistência técnica agronômica e extensão rural, basta voltar o olhar ao passado e veremos o significativo trabalho da EMBRATER, ABCAR, a CATI em São Paulo, exemplos da preocupação de respaldar aos produtores as novas tecnologias com visão econômica, social e preocupação ao meio ambiente.

Hoje fala-se em cadeias produtivas, sustentabilidade, dominamos tecnologias, batemos recorde de produção, viabilizamos o país economicamente, mas o produtor rural, o consumidor, o engenheiro agrônomo e o meio ambiente vão cada dia mais mal e menos valorizados pela sociedade devido a ausência de políticas agrícolas que priorizem o homem e o meio ambiente em harmonia com a tecnologia que dispomos através da Agronomia.

Parabéns ao Bolsa Família, necessário e inadiável, mas parece-me que se não oferecermos principalmente na área rural o conhecimento para aprender a pescar, continuaremos a oferecer o peixe as gerações futuras, enquanto a tecnologia agronômica continuará desvalorizada e os profissionais Engenheiro Agrônomos sub utilizados em nosso país.

Os ecologistas radicais de plantão continuarão a fazer sensacionalismo para promoção pessoal a cada vez que a natureza for agredida e os alimentos apresentarem resíduos de defensivos; e os profissionais da Agronomia desvalorizados e subutilizados.

A dicotomia entre o rural e o urbano presente em nossa sociedade explica-se em parte por nossa historia passada de coronelismo, escravagismo, sesmeiros etc., etc. Acrescido de legados de Monteiro Lobato, Jeca Tatu ou de Chico Bento e outros, os quais não podemos continuar aceitando como justificativa a cisão caótica que a sociedade tem da Agronomia Brasileira, que vê sua imagem atrelada a estas mazelas do passado, quando ela ainda era insipiente no país e portanto não co-autora exclusiva dos erros do passado.

Nas ultimas décadas (30-40 anos) deixamos de ter uma agricultura extrativista para sermos hoje a melhor Tecnologia Tropical do mundo e grande exportador de alimentos, só não aceitar e reconhecer o valor e o trabalho dos Engenheiros Agrônomos e dos Agricultores em todo este processo de transformação ocorrido no país.

Precisamos urgentemente da reflexão da sociedade brasileira, em especial de nossos dirigentes e mídia para a valorização do Produtor Rural que precisa ter acesso á Tecnologia, como consequência da valorização dos profissionais de Agronomia no seio da sociedade.

Atitude ecológica não é só deixar de usar sacolas plásticas (com certeza menor peso em plástico nas compras), não lavar toalhas em hotel, separar lixo, reutilizar óleo, etc., etc., mas também passar a exigir a presença do Engenheiro Agrônomo no processo produtivo dos alimentos como determina a lei nº 5194, que muito iremos contribuir com o meio ambiente e com a qualidade dos alimentos que chegam à nossa mesa.

Não compramos um apartamento ou carro se soubermos que durante a construção não teve o projeto acompanhamento de um engenheiro.

Não levamos nossos filhos, não vamos a um dentista, a um advogado, se soubermos que o mesmo não é habilitado.

Por que então????

Compramos, ingerimos e oferecemos aos nossos familiares alimentos sem se preocupar se durante o processo produtivo do mesmo houve a supervisão de um Engenheiro Agrônomo.

A razão e a emoção tem que conviver em doses certas em nossas vidas.

Deixemos a emoção sensacionalista um pouco de lado e valorizemos a razão tecnológica das ciências agronômicas.

A sociedade tem que valorizar o Engenheiro Agrônomo, e estes precisam descobrir que produtor rural é mercado de trabalho farto.

Efetivamente a natureza agradece, o produtor rural e o engenheiro agrônomo serão reconhecidos e o consumidor poderá contar com alimentação mais saudável e o meio ambiente menos agredido.

Eng. Agrº José Levi Pereira Montebelo - Presidente da CONFAEAB

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